Todo posicionamento relacionado ao corpo humano tem como base a posição padrão de descrição anatômica, denominada posição anatômica. Tal posição corresponde a um corpo humano em posição ereta (ortostática), com os membros superiores pendentes com as palmas das mãos voltadas para frente, e membros inferiores unidos com os pés paralelos, com as suas pontas dirigidas para a frente. A cabeça deve estar orientada com a face voltada para a frente, o olhar dirigido para o horizonte, de forma que a margem inferior das órbitas e a margem superior dos poros acústicos externos fiquem no mesmo plano horizontal.
Posição do corpo e termos de relação
Principais planos do corpo
Plano é uma superfície em linha reta que conecta dois pontos. Na radiologia os planos imaginários que atravessam o corpo na posição anatômica, são referência para os ângulos do raio central do feixe de raios X.
Superfícies e partes do corpo
Termos relacionados a movimentos
Termos de relação
Exame radiográfico
O objetivo de todo tecnólogo não deve ser apenas fazer uma radiografia “dá para passar” mas produzir uma imagem com qualidade diagnóstica. Para isso é imperativo que sejam utilizados corretamente os fatores de exposição radiográfica e o posicionamento da região anatômica determinado para cada incidência, associados à correta identificação da radiografia.
Fatores de exposição radiográfica
Os fatores de exposição radiográfica são um grupo de fatores que determinam as características do feixe de raios X. São eles: o miliampere, o tempo de exposição, o quilovolt e a distância foco-filme.
Incidência ou projeção
Corresponde à relação entre o posicionamento do paciente e a incidência do raio central (RC). Descreve a direção dos raios X quando este atravessa o paciente, projetando uma imagem no filme radiográfico ou em outros receptores de imagem. (O feixe de raios X pode ser descrito como o raio central ou RC).
Tipos de incidências
Descrição de algumas incidências
Incidência póstero-anterior (PA) - O RC do feixe de raios X incide na superfície posterior da parte anatômica e emerge na região anterior. Não há rotação intencional, o que requer que o RC seja perpendicular ao plano coronal do corpo e paralela ao plano sagital;
Incidência ântero-posterior (AP) - O RC do feixe de raios X incide na superfície anterior da parte anatômica e emerge na região posterior;
Incidências Oblíquas - Deve incluir um termo de qualificação descrevendo a posição do corpo como OAD etc.; as incidências oblíquas de partes dos membros superiores e inferiores são mais precisamente descritas como incidências oblíquas AP ou PA com rotação lateral ou medial;
Incidência lateral - Deve incluir um termo de qualificação da posição como uma posição lateral direita ou esquerda;
Incidência Axial - Descreve qualquer ângulo do RC diferente de 90º de graus ao longo do eixo longitudinal da região anatômica de interesse do corpo;
Incidência tangencial - O RC do feixe de raios X incide na superfície anatômica de interesse apenas em um ponto; Exemplos: Incidência do arco zigomático; incidência do crânio para demonstração de fratura impactada.
Identificação das radiografias
A identificação deverá estar impressa e legível na radiografia, sem superpor estruturas importantes do exame radiográfico. Pode ser feita usando um numerador alfa numérico, ou câmaras identificadoras. Deve ser evitada a identificação escrita (com caneta) ou com etiqueta colada diretamente na radiografia.
A identificação de uma radiografia deve conter, no mínimo, os seguintes dados:
Nos exames de estruturas pares do corpo (mãos, pés, etc), deve ser acrescentada obrigatoriamente á identificação a letra “D” ou “E”.
Uma numeração seqüencial ou o tempo devem ser acrescentados à identificação nos exames seriados.
Nos exames realizados no leito, devem ser acrescentadas a localização do paciente e a hora da realização do exame. Exemplo: quarto 11 23:30h = Q 11 23 30, enfermaria 3A 11:30h = E3A 11 30 etc
Posicionamento da identificação na radiografia
A identificação deve estar sempre posicionada na radiografia em correspondência com o lado direito do paciente.
Uma radiografia ao ser analisada deve estar com a identificação legível e posicionada de maneira que corresponda ao paciente em posição anatômica de frente para o observador, ou seja, a identificação da radiografia deve sempre estar legível e à esquerda do observador, com a borda superior em correspondência com a extremidade superior da região a ser radiografada, exceto para as extremidades (mãos / carpos e pés).
As radiografias das extremidades (mãos / carpos e pés) constituem exceção a essa regra e devem ser posicionadas para análise com os dedos voltados para cima, e o numerador posicionado do lado direito da região anatômica em estudo, com a sua borda inferior em correspondência com a extremidade distal dessa região.
O posicionamento da identificação na radiografia deve também obedecer à seguinte regra:
Aparelhos emissores de raios X
O processo de produção de uma imagem radiológica é composto basicamente por uma fonte geradora de radiação, o objeto de irradiação (corpo do paciente) e um sistema de registro do resultado da interação do feixe de fótons com o corpo, normalmente, o filme radiográfico sensível à radiação X ou à luz. Associados à fonte e ao sistema de registro, temos dispositivos que servem para atuar sobre a emissão e forma do feixe de radiação, de maneira a tratá-lo convenientemente para produzir imagens que possuam validade diagnóstica.
Realização do exame radiográfico
Os fatores de exposição radiográfica (mAs, kV e distância) devem ser escolhidos de acordo com o tipo de exame a ser realizado e em função do tipo de paciente a ser examinado, tendo em vista dois objetivos primordiais: uma radiografia com qualidade diagnóstica, associada a otimização da proteção radiológica para o operador e paciente. Para tal, deve ser observado o seguinte:
Importante: Quando se ajusta o fator técnica (kV) está sendo definido a energia máxima que o feixe de raios X terá e quando se ajusta o fator de técnica (mAs) está sendo definido a quantidade de fótons de raios X que será utilizada.
O tamanho do filme radiográfico a ser utilizado irá depender do tipo de exame e da região anatômica a ser radiografada, sendo o tamanho ideal aquele que enquadre com folga a região anatômica em estudo e a identificação correspondente. Em alguns casos, o filme radiográfico pode ser dividido em partes, através de colimação e/ou placas de chumbo, sem prejuízo do exame.
Em nenhuma hipótese o tamanho do filme radiográfico deve ser menor que a região anatômica a ser radiografada.
A colimação em todas as radiografia deve ser precisa, limitando o campo de radiação à região anatômica em estudo, nunca excedendo o tamanho do filme radiográfico. Sempre que possível, as quatro bordas da colimação devem estar visíveis na radiografia, sem prejuízo da região examinada.
Todo paciente submetido a um exame radiográfico deve estar cadastrado no Serviço de Radiologia (livro de registro ou sistema informatizado). Esse cadastro deve conter no mínimo os seguintes dados: número de ordem do Serviço de Radiologia, nome completo do paciente, data (dia / mês / ano) e hora da realização do exame radiográfico, o nome do exame realizado e o filme utilizado (tamanho e quantidade) para a sua realização.
Qualquer exame radiográfico somente poderá ser realizado mediante solicitação médica.
Luciano Santa Rita Oliveira
Mestre em Radioproteção e Dosimetria
Pós Graduano em Gestão da Saúde e Administração Hopitalar
Técnologo em Radiologia
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